Na
corte de Faraó, Moisés recebeu o mais elevado ensino civil e militar. O
rei resolvera fazer de seu neto adotivo o seu sucessor no trono, e o
jovem foi educado para a sua elevada posição. "E Moisés foi instruído em
toda a ciência dos egípcios; e era poderoso em suas palavras e obras."
Atos 7:22. Sua habilidade como chefe militar tornou-o favorito dos
exércitos do Egito, e era geralmente considerado personagem notável.
Satanás fora derrotado em seu propósito. O mesmo decreto que condenava
as crianças hebréias à morte, tinha sido encaminhado por Deus de modo a
favorecer o ensino e educação do futuro chefe de Seu povo.
Os
anciãos de Israel foram instruídos pelos anjos de que o tempo para o
seu libertamento estava próximo, e que Moisés era o homem que Deus
empregaria para realizar esta obra. Os anjos também instruíam a Moisés
quanto a havê-lo Jeová escolhido para quebrar o cativeiro de Seu povo.
Supondo que deveriam obter sua liberdade, pela força das armas, tinha
ele a expectativa de levar o exército hebreu contra as hostes do Egito
e, tendo isto em vista, prevenia-se contra suas afeições, receando que,
pelo seu apego à mãe adotiva ou a Faraó, não estivesse livre para fazer a
vontade de Deus.
Pelas
leis do Egito, todos os que ocupavam o trono dos Faraós deviam fazer-se
membros da sacerdócio; e Moisés, como o herdeiro presumível, deveria
iniciar-se nos mistérios da religião nacional. Este dever foi confiado
aos sacerdotes. Mas, ao mesmo tempo em que era um estudante ardoroso e
incansável, não pôde ser induzido a participar do culto aos deuses. Foi
ameaçado com a perda da coroa, e advertiu-se-lhe de que seria repudiado
pela princesa caso persistisse em sua adesão à fé hebréia. Mas ele foi
inabalável em sua decisão de não prestar homenagem a não ser ao único
Deus, o Criador do céu e da Terra. Arrazoava com os sacerdotes e
adoradores, mostrando a loucura de sua veneração supersticiosa a objetos
insensíveis. Ninguém lhe podia refutar os argumentos nem mudar o
propósito; contudo, provisoriamente foi tolerada a sua firmeza, por
causa de sua elevada posição, e do favor em que era tido pelo rei, bem
como pelo povo.
"Pela
fé Moisés, sendo já grande, recusou ser chamado filho da filha de
Faraó, escolhendo antes ser maltratado com o povo de Deus do que por um
pouco de tempo ter o gozo do pecado; tendo por maiores riquezas o
vitupério de Cristo do que os tesouros do
Egito; porque tinha em vista a recompensa." Heb. 11:24-26. Moisés
estava em condições para ter preeminência entre os grandes da Terra,
para brilhar nas cortes do mais glorioso dentre os reinos e para
empunhar o cetro do poder. Sua grandeza intelectual o distingue, acima
dos grandes homens de todos os tempos. Como historiador, poeta,
filósofo, general de exércitos e legislador, não tem par. Todavia, com o
mundo diante de si, teve a força moral para recusar as lisonjeiras
perspectivas da riqueza, grandeza e fama, "escolhendo antes ser
maltratado com o povo de Deus do que por um pouco de tempo ter o gozo do
pecado".
Moisés
fora instruído com relação à recompensa final a ser dada aos humildes e
obedientes servos de Deus, e as vantagens mundanas tombaram na
insignificância que lhes é própria em comparação com aquela recompensa. O
palácio luxuoso de Faraó e seu trono foram apresentados como um engano a
Moisés; sabia ele, porém, que os prazeres pecaminosos que fazem os
homens se esquecerem de Deus, achavam-se nos palácios senhoriais. Ele
olhava para além do magnífico palácio, para além da coroa do rei, para
as altas honras que serão conferidas aos santos do Altíssimo, em um
reino incontaminado pelo pecado. Viu pela fé uma coroa incorruptível que
o Rei do Céu colocaria sobre a fronte do vencedor. Esta fé o levou a
desviar-se dos nobres da Terra, e unir-se à nação humilde, pobre e
desprezada que preferira obedecer a Deus a servir ao pecado.
(Patriarcas e Profetas, Ellen G. White)